top of page

Intuição, o elo perdido

Atualizado: 6 de jun.

Rudolf Steiner descobriu que antes do ano 300 a.C, as pessoas passiva e instintivamente se sentiam imersas em algo que as iluminava a partir do espiritual, sendo que uma observação sensorial – estímulo dos sentidos físicos -, para que se tornasse um acontecimento real, necessitava ser vivenciada em espírito. Tal comportamento foi denominado de ciência natural. Este “algo que as iluminava” é o que se pode chamar de intuição, sexto sentido, espiritualidade ou apenas uma leitura de mundo para além dos sentidos físicos.


ree

Mas se já era assim, por que mudou? Bem, naquela época, o indivíduo era insignificante diante da ordem social que preconizava o cumprimento da vontade dos deuses independentemente do que pensassem. A cosmovisão era mitológica e viver significava total submissão à vontade divina e à ordem social. Isso era perturbador para quem, como um pretenso deus, queria impor suas vontades. Por isso, os escritos lógicos e pensamentos mais consistentes de Aristóteles foram considerados o pote de ouro do final do arco-íris e rapidamente se tornaram material didático para os professores das Cosmovisões da Europa Central. Esta foi a base para a abstração do conhecimento e a orientação para a formação político-religiosa que se consolidou naquele continente e, mais tarde, se espalhou pelo mundo, tenha sido pela religião ou pela ciência.


A ciência natural se tornou uma ameaça aos poderosos que promoveram literalmente a caça às bruxas e aos bruxos. Nossa essência espiritual foi abduzida por uma ordem ortodoxa e científica com propósitos utilitários e que nos fez acreditar ser o mundo um mero aglomerado de átomos e moléculas, tornando a espiritualidade um tema para depois da morte. Hoje, tamanha insensibilidade, se não põe em risco o planeta, ameaça a vida sobre ele.


E tudo parecia bem na Caverna de Platão até que o físico e filósofo Werner Heisemberg afirmou não ser possível explicar átomos e moléculas por teorias materialistas. Parece haver uma outra realidade além da matéria, algo meio fantasmagórico que produz efeitos não locais e faz a matéria se manifestar conforme a intenção do observador. Parece existir algo estranho para além dos sentidos físicos a sustentar o que os sentidos percebem, uma espécie de Matrix que nosso aparato cognitivo e científico tenta explicar tal qual um cego a descrever um pôr do Sol refletido sobre o mar.


Talvez a necessária cegueira que nos permitiu compreender a realidade objetiva, hoje nos impeça de ver além do horizonte. E além do horizonte deve ter algum lugar bonito pra viver em paz, um lugar bonito que só se alcança pelo mergulho naquilo que antes nos iluminava a partir do espiritual. Estamos prontos para zarpar mas as amarras de nossas crenças nos prendem ao cais da abstração e do cientificismo. Não criticamos a ciência, fundamental para o progresso do conhecimento. Critica-se o cientificismo, quando a abstração tenta se apropriar da verdade e se arrogar como única forma de conhecimento.


Quem se liberta de tais amarras e do medo de ser rotulado de negacionista pode perceber a dança universal que sustenta a existência física. Como? Certamente você já ouviu falar da história dos elefantes que correram do tsunami na Indonésia, em 2004, antes que a tragédia se apresentasse. E não foram só elefantes, foram vacas, cabras, gatos, pássaros... O que nos diferencia? Nossa capacidade cognitiva se sobrepõe à sensibilidade intuitiva bloqueando-a, como um membro do corpo atrofia por falta de uso.


O resgate da sensibilidade nos desafia a abrir a mente para possibilidades que estão além da realidade física. Segundo Elisabete Dal Pino, professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP afirma: “Nossa ignorância é muito grande. Só entendemos 4% do Universo, composto por matéria conhecida”. Não proponho acreditarmos em fantasmas, mas a abrir-mo-nos a possibilidades de interações muito além do imaginável, para uma existência mais leve, segura e feliz.

 
 
 

Comentários


bottom of page